Acabo de receber uma notícia muito triste. É que um grande amigo deixa a vida pra conquistar a vitória sobre a morte. Nos conhecemos trabalhando na revitalização de uma casa de espetáculos famosa na Lapa, em 2002. Ficamos muito amigos. Trabalhamos juntos, no mesmo setor, quando a casa reinaugurou. Quando acabava o serviço, tomávamos uma cerveja e íamos olhar a 'frequência' do local, tomávamos outra cerveja e dávamos umas boas risadas com os acontecimentos e figuras esquisitas que pintavam na noite. Naqueles dias, ele dizia que "o diabo tinha deixado o alçapão do inferno aberto pra uns desgraçados darem uma volta." Ele tinha quatro filhos, cada um parido de uma mãe diferente. Era um bom pai.
Perdemos o contato quando eu resolvi, por motivos pessoais, sair de lá. O trabalho noturno ali na Lapa é o cemitério de todas as poesias. O tipo de entidade (física ou não) que por ali circula exige que você tenha o corpo muito fechado. E minha armadura estava apresentando sinais de desgaste. Tava enferrujada.
E não deu outra. Fui sabendo, através de relatos, da queda do grande amigo, que morava ali mesmo, na Joaquim Silva. Perdeu o emprego. Ganhou uma doença. Perdeu a audição. Ganhou problemas.
Não conseguia mais achá-lo no celular, nem o encontrava quando, contrariado, eu me dirigia ao bairro dito boêmio.
Encontrava com a sua mãe, às vezes, mulher forte, guerreira. Mais uma pra você segurar.
Devo ao Júnior muitas coisas. Gostávamos de brincar com quem pedia informações, ao nosso juízo, estúpidas, chamando-os de 'chat-amizade'. Sempre tínhamos um 'babalu' pra oferecer às moças desavisadas. As duas meninas, aliás, que trabalhavam conosco, uma franzina e outra mais pacotuda, chamávamos de 'CG 125' e 'Twister', respectivamente. Virava pra mim várias vezes, e falava essa frase, com um puta sorrisão e os olhos arregalados: "- Deixa eu falar com o coroa ali, que playboy eu prancho logo!", em alusão a um episódio que passamos juntos. E nos mijávamos de rir. Quando trabalhávamos dobrado - e ganhávamos dobrado - ele gritava: "- Doblô!" e dizia que ia "tomar um bom café da manhã". E quando se referia a alguém que não inspirava muita simpatia, falava simplesmente : "- ah, aquele pateta". Júnior era um cara com um nível de cultura e esclarecimento impressionantes. Já tinha feito muitas coisas, trabalhado em muitos lugares. Grande figura. Sujeito-homem.
Fiquei lhe devendo uma fita K7 - que hoje dificilmente são encontradas - com uma lista de músicas que ele pediu. Nunca entreguei, e ele sempre me sacaneava por isso.
Espero que você esteja num lugar mais justo, meu irmão. E em paz. Serenidade. E busque a luz, por mais fraca que seja, se a escuridão te abraçar aí. Nós já conversamos sobre isso. Você tá ligado. Olha pra luz e pede, que ela vem te buscar. Sem medo.
Fique com Deus irmão.
ResponderExcluirMano junior que deus esteja com vc nessa inmencidao de mundo espero que vc esteja em um lugar muito bom todos aqui em baixo estomos olhando pro vc aqui e que vc descanse em paz meu amigo meu irmao...
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